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O adolescente de Doistoiévski  

 

 

Ricardo Rocha França 

Rebeca Lopes Ferreira França 

 

 

RESUMO: Considerando que conceito o adolescente se forma em meados século XIX, visamos observar como o romance de Dostoievski, O Adolescente, constrói este indivíduo focando aspectos de sua interioridade e de mundo exterior. Tendo em vista compreender esta relação exterior-interior selecionamos os seguintes temas para nossas considerações: o ideal de vida do adolescente e aspectos de suas relações familiares. As perspectivas sobre o romance desenvolvidas por Ferenc Feher e George Lukács são as bases teóricas para o presente artigo.

PALAVRAS CHAVES: adolescente, individualismo, indivíduo-problemático, emancipação, romance.  

 

 

 

Na segunda metade do século XX os adolescentes se desenvolvem como um grupo que adquire identidade cada vez mais visível, delimitada. O desenvolvimento econômico que veio a partir dos anos 70 acabou por conferir aos jovens o poder de compra permitindo o desenvolvimento de uma cultura especificamente jovem[1].  O blue jeans e o rock se tornaram marca de uma cultura que se difundiu dos Estados Unidos para várias partes do mundo.  O boom dos adolescentes também teve início nesta época, revelando-se no consumo de discos, blusas, saias e cosméticos. Nos anos 90, com o processo da globalização e a onipresença indústria cultural, o conceito de adolescente emerge como um “eu padronizado”, percebido por meio da homogeneização internacional do consumo e até mesmo padronização das aspirações e sonhos da juventude.

Consequentemente iniciou-se nesse período um desenvolvimento da literatura envolvendo a figura do adolescente. Nos Estados Unidos surgem obras ensinando como “viver destrambelhadamente” [2] e, no Brasil, surgem os romances sobre o primeiro beijo, e a primeira espinha. Os teens contam, em primeira pessoa, sobre suas descobertas do mundo adulto, como na obra As Mil Taturanas Douradas, de Furio Lonza, ou Memórias de um Assobiador, de Eduardo Alves da Costa, ambos lançados em 1994. Paralelos aos romances de entretenimento surgem obras que procuram utilizar os romances para, nas palavras de Candido, “instrução moral e filosófica”[3]. O Mundo de Sofia, do educador norueguês Jostein Gaarder, lançado em 1991, chega ao Brasil em 1995. Também surgem obras com temas sociais e políticos, como em Playing Games, romance que supostamente faz referência a acontecimentos envolvendo o presidente Collor, retrata um adolescente que é filho de um pai corrupto.

Considerando que o adolescente como público leitor é um fenômeno recente, é surpreendente observar que em 1868 o escritor russo Fiódor Dostoievski escreveu um romance cujo título era O Adolescente – no russo Podrostok (подросток), termo que corresponde à tradução no português. Obviamente esta obra não é anacrônica, e não busca um público adolescente, nem tão pouco apresenta o adolescente característico do final do século XX. O romance não retrata, por exemplo, uma cultura especificamente adolescente. Arkádi Dolgorúki, o personagem central de Dostoiévski não se caracteriza por vestir uma moda voltada para o adolescente, de ler obras escritas para público adolescente, ou freqüentar lugares de lazer voltado aos adolescentes. Arkádi, aliás, passa freqüentar salão de jogos, e joga na roleta lado a lado com pessoas adultas. Numa destas ocasiões sua figura chegou até ser alvo de suspeitas, mas não por causa de sua tenra idade – neste caso foi  a menção de seu sobrenome que acabou por levantar suspeita,  já que o nome aponta para sua origem social [4].

Entretanto, existem alguns paralelos entre os conceitos de adolescência dos dois períodos, tais como a aproximação que a adolescência efetua, ora da infância, ora do mundo adulto. Arkádi Dolgorúki progressivamente se envolve nas rodas sociais do mundo adulto sem ser barrado. Contudo, em momentos de conflito, a infantilidade do personagem é evidenciada no texto. O pai de Arkádi ,Versilóv, escreve a  Katerina Nikoláievna (que manipulava os sentimentos de seu filho):

 

 Conheço bem sua falta de escrúpulos, mas jamais imaginaria que a senhora, manipularia crianças a fim de atingir seus objetivos. O documento que procura não foi queimado e nunca esteve com Kraft . Por isto lhe peço: poupe o rapaz de suas artimanhas. É um menor de idade que não atingiu ainda o completo amadurecimento intelectual e físico. (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.185)

 

O comentário paterno promove a indignação do jovem personagem: “Fiquei lívido por alguns instantes; em seguida explodi de raiva: é de mim que ele está falando?” (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.185) Este episódio revela a ambigüidade do conceito de adolescência: o adolescente, não se reconhece como criança, mas o pai o descreve desta forma. Mas, é possível ir mais fundo na compreensão do conceito de adolescência utilizado por Dostoievski com o auxílio que historiadores como Jacques Gélis nos oferecem sobre a formação do termo.

Segundo os textos historiográficos o conceito de adolescente, como uma fase distinta da infância, era uma novidade para o século XIX, um período onde o próprio conceito de criança estava em construção. No pensamento medieval o sentimento de infância e de adolescência não existia e a distinção entre adultos e crianças não era clara. Segundo Jacques Gélis na Idade Média: “O corpo de indivíduo era seu, mas também era um pouco dos outros” (GELIS, 2001, p.311). E, a ligação do homem com a sociedade era maior até mesmo do que a ligação do indivíduo com a família. “A Criança era considerada um rebento do corpo comunitário, uma parte do corpo coletivo que, pelo engastes das gerações, transcendia o tempo" (GELIS, 2001, p.311). Por causa da ausência de distinção entre as faixas etária as atividades sociais, como, às profissões, jogos, as armas, se estendiam a todos e não separavam adultos, adolescentes e crianças. Uma nova relação com a criança e com o adolescente surge apenas com o advento de uma nova relação com o corpo[5]. Com o passar do tempo o indivíduo deixou de se ver apenas em sua ligação com a sociedade, e adquiriu uma consciência maior de si mesmo. O indivíduo pensava: "o corpo é meu" e procuro poupá-lo da doença e do sofrimento; mas sei que ele é perecível e, assim, desejo perpetuá-lo através do corpo do meu filho. Por isto vagarosamente, em vez do poder da sociedade sobre a criança, passa a prevalecer à influência dos pais sobre os filhos. Emergindo assim, a partir do período da Renascença até o século XX, conceitos que reconheciam a infância e adolescência na sua especificidade. No século XVII, a palavra “infância” começou a ser utilizada entre a burguesia, tratava-se de um conceito ligado à idéia de dependência financeira e que não limitava a criança com a puberdade (ARIÉS, Philippe, 1986, p.42). E, em meados 1850, adolescência passou a ser distinguida da infância[6].

Estes indicativos nos levam considerar que a formação do conceito de adolescência caminha paralela à elaboração do romance de Fiódor Dostoiévski, pois surgem na segunda metade do século XIX. Além disso, a obra de Dostoiévski e o conceito de adolescência nascem no contexto de formação do capitalismo e num movimento onde, cada vez mais, se expressa a crescente consciência da individualidade do sujeito.

Este mesmo movimento, de individualização do sujeito na sociedade burguesa, é apresentado por dois grandes teóricos que buscam entender a formação do romance como literatura: George Lukács e Ferenc Feher. George Lukacs explica que o herói da epopéia nunca é um herói individual, pois seu destino está ligado ao destino de uma comunidade[7] .   E afirma com pesar que o homem contemporâneo encontra-se solitário, e separado de seu mundo e sua comunidade, distante dos “afortunados os tempos” da epopéia onde “mundo é vasto, e, no entanto é como a própria casa, pois o fogo que arde na alma é da mesma essência que as estrelas” (LUKACS, 2000, p. 25). Ferenc Feher , por outro lado, saúda com prazer a liberdade criativa que a individualização do sujeito proporciona à literatura. “Se Deus abandonou o romance”, afirma Ferenc Feher, “deu-lhe, ao menos tempo, a sua liberdade” (FEHER, 1972, p. 17). E, segundo este mesmo autor, no romance é o ‘herói que funda seu próprio mundo’ em vez de ‘apenas cumprir uma trajetória que lhe havia sido designada’ (IDEM, p.17). Apesar das diferenças, ambos os autores concordam que romance é uma literatura que destaca o individualismo burguês[8].

 Para observar esta relação entre indivíduo e o mundo que o rodeia examinaremos o romance O adolescente em duas direções: no mundo exterior, e interior do personagem central. Com respeito ao primeiro aspecto partiremos de Ferenc Feher que apresenta dimensões do romance que evidenciam um conflito crescente entre o indivíduo e o mundo exterior na literatura[9] . Dentre estes aspectos selecionamos a dimensão familiar. Segundo Ferenc Feher, no começo da ascensão da burguesia, a família era tratada nos romances como uma instituição que protegia o indivíduo de um mundo exterior que lhe é hostil[10] . Mas, já no século XVIII as intrigas familiares começam a surgir, e no século XX este aspecto se torna preponderante. Segundo Feher o herói do romance passa a destruir os valores de sua esfera íntima, pois no romance a ruptura dos laços familiares é “ uma das etapas da emancipação do homem” (FEHER, 1972, p. 35). De forma que o indivíduo deixa de ser visto como produto de sua família, e a própria família monogâmica burguesa[11] se torna um obstáculo para a emancipação do sujeito.

Arkádi Dolgorúki, o herói do adolescente, certamente faz parte deste processo. Pois sua família está longe de ser uma instituição estruturada e monogâmica que o protege do mundo exterior.  Pelo contrário a família de Arkádi é descrita na obra como “família acidental”, uma família que é formada por uma “mistura de família legítima, com um caldo caótico” (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.315).  E, é justamente na ausência de proteção que uma “família acidental” pode lhe oferecer que o personagem encontra o cenário para o desenvolvimento de sua “personalidade atual e definitiva” (DOSTOIÉVSK, 2010, p. 79).

Examinar os acontecimentos familiares que envolvem Arkádi também encontra relevância quando consideramos a perspectiva de Lukács. Pois segundo este autor no romance a essência do indivíduo não está determinada na sua plenitude[12]. Por isto ele necessita de uma série de episódios desafiadores para se constituir como essência. No caso de Arkádi , esta série de episódios serão narrados, em primeira pessoa,  quando  o personagem inicia o seu convívio familiar aos  20 anos[13] de idade.

 Passaremos a observar algumas informações sobre a família de Arkádi, pois estas serão importantes para a compreensão da análise que será apresentada a seguir. O narrador do Adolescente explica que sua mãe, Sofia, era casada com Makar, e ambos eram servos da fazenda de Versílov, um homem de origem nobre. Sofia se envolve com Versílov, com o qual passa a viver após a permissão do marido, Makar. Sofia tem dois filhos com Versílov: Lisa, e Arkádi, que são registrados com o nome do marido legal de Sofia. Arkádi cresceu sem nenhum contato com os pais naturais, pois estava ora sob tutela de outras famílias (como o casal Nikolai Semíonóvitch e Maria Ivanovna), ora no colégio interno de Touchard. Neste colégio Arkádi foi maltratado e humilhado por não possuir um nome com o indicativo de nobreza do pai natural. E, durante este período o contato com os pais se consistiu apenas de um rápido encontro. Por ocasião do término de seus estudo, Arkádi recusa-se a ir para a faculdade, e aceita o convite de seu pai natural, para vir a morar com a família em São Petesburgo.

É a partir deste encontro com a família empobrecida que Arkádi inicia sua caótica narrativa. Desde momento, por meio de vários acontecimentos fortuitos,  Arkádi  é envolvido em acontecimentos problemáticos e descobertas surpreendente ligadas a pessoas próximas ao seu redor, tais como, ‘amigos’, seu pai , sua irmã, sua meio irmã, e  Katerina ( uma mulher da nobreza que é alvo dos sentimentos do pai e do filho).

 Neste quadro conflituoso que Arkádi se insere encontramos uma figura que, em certa medida, se distingue do conjunto que o adolescente vai apresentar. A mãe de Arkádi, Sófia Andréievna, também chamada de Sônia, é caracterizada por uma postura de humildade, submissão, e cuidado, que atrai os membros de sua família. Neste aspecto O Adolescente de Dostoiévski proporciona uma leitura de Sofia que transforma a submissão feminina num ideal de beleza. Numa conversa a respeito de uma ‘bela’ fotografia de Sofia uma Versilóv, descreve a Sofia de uma forma instigante.

 

 – É tão raro este momento – em que uma fotografia capta no rosto do retrato a sua característica fundamental... Uma foto pode captar vários aspetos de uma pessoa, conforme o momento em que é tirada... Mas, esta consegue captar Sônia em sua essência:   doce, recatada, quase pueril. E sobretudo amorosa. É uma beleza contagiante que provem da capacidade da mulher russa, de entregar-se por inteiro a quem ou ao que se ama.  (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 258- 259)

 

 

Examinar uma personagem como Sofia pode nos levar a encontrar no romance de Dostoiévski, uma aparência, embora superficial, de características da epopéia. Pois um trecho como este parece sugerir que a personalidade de Sofia possui alguma espécie de substância, pois a ‘fotografia não captou apenas um aspecto momentâneo de sua pessoa, mas sua essência[14]’.  Além disso, esta substância não constitui apenas uma característica individual, mas é uma “capacidade da mulher russa”, o que sugere a “ expressão de uma virtude etnográfica” por meio da personagem . Ao destacar aspectos como estes, a constituição de Sofia, em certa medida, guarda alguma semelhança com a característica que Feher aponta para os heróis da epopéia: “a qualidade coletiva do indivíduo na epopéia” (FEHER,1972, p. 54). O que significava que na epopéia os heróis eram mais uma expressão da virtude de um povo do que “uma entidade única em seu gênero” (FEHER,1972, p. 54) .Esta substância de Sofia também  se aproxima das considerações de George Lukács sobre as epopéias, onde as estruturas que o homem se insere “são substanciais como ele próprio ou mais verdadeiramente plenas de substância, porque universais” (LUKACS , 2001, p.29). E são estas estruturas substanciais, estruturas como o “amor, família” (LUKACS , 2001, p.29), que segundo Lukacs afastam o homem de sua solidão . No romance do Adolescente  o ‘amor incondicional’ de Sofia oferece um cuidado que Arkádi  valoriza[15]. Também convém destacar dedicação de Sofia para com Versilóv. Pois não importa quanto os sentimentos de Sofia fossem feridos por Versióv, ela estaria sempre pronta para ampará-lo:

 

– Sônia, eu vim apenas para lhe dizer isso: preciso deixá-la como já fiz tantas vezes antes. Mas vou voltar, inevitavelmente, porque você é o meu anjo o meu porto seguro (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.282).

 

 

               Mas, estes elementos orgânicos do texto, presente da relação de Sofia e sua família, são encontrados apenas numa interpretação superficial do romance. Pois os outros personagens do Adolescente não possuem a mesma substância que é atribuída a Sofia. E podemos observar como a própria Sofia, acaba por revelar elementos próprios do romance. Pois a personagem, mesmo com toda a pureza que caracteriza, não pode ser vista como um livro aberto, fácil de ser desvendado. O narrador de Dostoiévski declara:

 

O que me pergunto é: como minha mãe, uma alma tão pura, que acreditava no casamento, que se dedicava a seu Makar com toda a sua devoção, pôde se render ao pecado? (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.24)

 

Esta característica não é um aspecto que se restringe a figura de Sofia. Segundo Ferenc Feher no romance as relações vivenciadas a cada instante entre pessoas que vivem numa mesma casa acabam por revelar que estas personagens constituem  desconhecidos um dos outros[16]. No romance as relações de um momento apresentam apenas a “superfície da personagem e nunca os traços substanciais do homem” ( FEHER, 1972, p.67). Ao contrário da epopéia onde o simples conhecimento da hospitalidade dos ancestrais de indivíduo era suficiente para promover um contato amigável[17], no Adolescente, os personagens são imprevisíveis.

Este caráter fortuito dos personagens ganha um destaque ainda maior ao apresentar o relacionamento de Arkádi com seu pai natural, Versilóv. Neste relacionamento, que é um dos principais do romance, cada evento parece demonstrar uma descoberta diferente e contraditória sobre o pai, e cada descoberta pode provocar uma reação diferente para sujeito.

O relacionamento de Arkadi com o pai começa com fascínio[18] que se desenvolve a partir do pequeno encontro que este teve com o pai na infância. Posteriormente surgem ressentimentos, que nascem da ausência paterna, e que se apresentam nas discussões que Arkádi desenvolve com a família. Porém, mesmo em momentos de conflito o adolescente apresenta sentimentos positivos relacionados com a figura do pai. Como no trecho abaixo:

 

Ao sentar-me novamente no divã, senti uma solidão infinita. Por que havia me exaltado de novo? Por que o magoava? Às vezes enxergava nele o amor mais sincero por mim. Como ele não conseguia entender que o que eu lhe pedia não era seu nome, sua nobreza, e sim... a sua pessoa, a sua presença. (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 88)

 

 

Paralelo a estes sentimentos e atitudes contraditórios Arkádi está circundado por informações contraditórias sobre o pai. Por exemplo, no início do romance Arkádi percebe o pai como um homem ambicioso[19]. Um pouco depois, se surpreende, com alegria, ao observar que o pai adota atitudes que sugerem a presença de um “ideal” de vida maior do que o interesse pelo dinheiro. Isto é percebido por Arkádi, quando Versilóv renuncia a uma herança recebida devido ao reconhecimento legal de que está é direito de outras pessoas[20]. Este episódio não encerra as descobertas de Arkádi sobre o pai, mas o adolescente frequentemente se surpreende com atitudes louváveis ou reprováveis do pai que não se encaixam no conhecimento prévio que havia elaborado sobre a figura paterna[21]. Esta característica do personagem Versilóv é tão enfática que ele chega até mesmo afirmar que “era estranho imaginá-lo sem uma áurea de mistério”( DOSTOIEVSKI, 2010,p. 267).

Ao desenvolver seu relacionamento com o pai Arkádi  busca fugir de relação economicamente mais cômoda com o pai biológico. E, deixa a casa de sua família para viver num quarto alugado, arcando com suas próprias despesas.  Neste momento , ao contrário do que poderíamos imaginar, o contato do pai com o filho começa a adquirir características de carinho[22] e companheirismo, de modo que Arkádi se aproxima do pai e busca compreender qual é o seu ideal de vida. Neste diálogo encontramos um outro aspecto do relacionamento do pai com o filho merece nossas considerações. Um trecho desta conversa é citado abaixo. Arkádi pergunta:

 

– E quanto à religião? O que devo fazer?

– Acredite em Deus.

Eu me sentia tratado como uma criança.

– E se disser que não acredito?

– Então, tudo bem.

– Como assim, tudo bem?

– É um sinal de que você tem presença de espírito, desde que não seja ateu apenas para causar impressão. O ateu russo, o verdadeiro ateu, é forte bom e honesto, porque está tranqüilo com respeito a sua visão de mundo, e desta forma é um servo perfeito de Deus.  ( DOSTOIÉVSK, 2010, p. 125, 126).

 

Estas declarações de Versilóv nos demonstram como o romance é capaz de combinar valores opostos e até mesmo contraditórios, pois a crença em Deus, de Versilóv, não era uma condenação do ateísmo. Esta característica do romance foi observadas tanto nas teorias de Lukacs e Feher .Para Lukacs  este aspecto é uma conseqüência do homem não estar ligado a uma comunidade. Pois, a unidade coletiva dos povos antigos, e a “fé” nesta comunidade, limitava o número de essências disponíveis[23], enquanto que no período do romance a comunidade deve escolher entre essências  caóticas e até mesmo contraditórias .  Já em Feher este pluralismo de valores é uma conquista do romance, pois o romance, não comporta apenas alguns comportamentos, mas é capaz de caracterizar o conjunto de comportamentos humanos [24]. O romance o adolescente realmente possui esta pluralidade de comportamento, pois coloca lado a lado ateus como religiosos, tanto nobres como burgueses. Este pluralismo de valores, presente num conjunto de comportamentos distintos, ainda permite, segundo Feher, outra grande conquista: a escolha individual dos valores[25].

No romance de Dostoiévski Arkádi não apenas possui a possibilidade de escolher seus valores, como também demonstra uma autonomia no modo como percebe sua própria filiação. Em diferentes ocasiões Arkádi faz questão de se apresentar como Arkádi Dolgorúki, utilizando assim o sobrenome que o liga  Makar[26]. E, quando relata as duas filiações descreve de forma que a filiação legal preceda a natural, apresentando-se como “filho do servo, e filho natural de Versilóv” (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.49) Ele não esconde sua origem complexa, nem mesmo deseja que esta inspire piedade[27].  

Neste aspecto podemos observar um aspecto social do romance, Arkádi Dolgorúki não se apega à seus direitos de nobreza. Os direitos de nobreza nasceram nas instituições feudais e seriam característicos de Arkádi se ele possuísse a filiação legal de Versilóv. Conforme Ferenc Feher explica, o romance rejeita a autoridade das instituições, e não reconhece sua autoridade como divina, pois trata as instituições como meramente humanas[28].  Arkádi não valoriza as instituições ligadas à nobreza, pois rejeita os privilégios que poderiam lhe advir dela. O trecho abaixo apresenta esta característica de Arkádi. Numa conversa com a família, na qual Tatiana, uma amiga da família, acusa Arkádi de ser ingrato e de não merecer os privilégios da classe alta que pode obter devido ao pai natural, Arkádi argumenta:

 

– Tatiana Pávlona, essa é... nova, no mínimo. Não quero os direitos de classe, nunca quis. Só quero um pai. E esse pai é Andrei Petróvitch. Será que é pedir muito? Sim, é claro que sou um servo, um lacaio de segunda ordem; estou pouco ligando para a universidade. Mãe, a você eu sempre tenho, sempre tive, desde que a vi pela primeira vez; e, depois, já no Touchard, quando tinha oito anos, a sua visita foi inesquecível... Mas, chega de recordações, vamos pensar no futuro, não é mesmo? Mãe, se não quer ficar com um homem que pretende se casar com outra mulher, seu filho querido está disposto a cuidar da senhora, para sempre com lealdade. Com uma condição: é ele ou eu (DOSTOIÉVSKI, 2010,p.80).

 

Neste trecho Arkádi, ao mesmo tempo em que rompe com o pai, e com a os privilégios sociais que viriam de sua filiação com Versilóv (como o ingresso na faculdade) ele se aproxima da mãe e buscando se tornar um amparo para sua origem humilde. Este cuidado de Arkádi para com a mãe e a irmã se intensifica com e se estende do início até o epílogo do romance. Enquanto a relação com o pai tem é instável durante todo o romance. Devemos examinar porque a relação do sujeito envolve uma complexidade tão grande com a figura paterna.

Se estivéssemos examinando um relato épico seria possível observar uma continuidade entre a missão do pai e do filho. Na Elíada, por exemplo, quando Aquiles é morto, os oráculos anunciam que a presença de seu filho Neptoleno é um elemento importante na busca pela vitória bélica. No Adolescente esta continuidade não é, de forma alguma, afirmada, mas constantemente problematizada. Arkádi, em vez de afirmar a si mesmo por meio da figura, ou dos privilégios paternos, busca sustentar a si mesmo, e construir um ideal próprio de vida, que não se fundamento nos modelos externos, mas que se elabora a partir de seu próprio mundo interior.

Passaremos agora a examinar este mundo interior do personagem que constitui  um complemento importante para está análise. Lukács aponta a importância deste ponto afirmando “O romance é a forma da aventura do valor próprio da interioridade; seu conteúdo é a história da alma que sai a campo para conhecer a si mesma” ( LUKÁCS , 2001,p. 91)

  No romance de Dostoiévski existem vários aspectos que podem nos ajudar a desvendar esta interioridade do sujeito. A própria decisão do adolescente de escrever sua experiência é um ato que aponta para esta busca do adolescente por si mesmo, pois ele afirma: “Falar de assuntos íntimos tão abertamente significa estar apaixonado demais por si mesmo” (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 21). Dentre este e outros aspectos que apontam para o mundo interior do sujeito selecionamos considerar o seu ideal de vida. 

O mundo no qual o adolescente se insere não possui um sentido próprio, por isto cabe ao próprio Arkádi construir o seu sentido para o seu mundo. Esta busca por um sentido também é uma característica explícita de outros personagens do romance, tais como Versilóv e Makar. E, no caso de Arkádi, claramente se reconhece por meio do ideal de vida que ele denomina de “a idéia”. O personagem frequentemente apresenta “a idéia” durante o romance, e interrompe a narrativa da trama que envolve sua família para retornar a sua idéia:

 

 Aqui cabe mencionar um assunto novo: a ‘minha idéia’. Isso mesmo. Algo que diz respeito a meu modo de pensar, a meus objetivos na vida, a minha razão de ser (DOSTOIÉVSKI, 2010, p.25-26).

 

Na carta de Nikolai Semíonóvitch – carta com a qual se encerra o romance de Dostoiévski – encontramos uma avaliação positiva desta busca individual de Arkádi por um ideal.  Nikolai afirma:

 

Mas, vale dizer que ao desenvolver sua própria idéia, você foi muito feliz: em vez de abraçar ideais prontos – ideais esses que são vazios de significado e até perigosos para a sociedade – como tantos jovens da sua geração, você tramou um conceito original, só seu.  (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 313-314) 

 

Ao mesmo tempo que o romance de Dostoiévski valoriza a busca interior por um ideal ele demonstra como é difícil a relação de um ideal interior com mundo exterior. Na casa de Dergatchov, onde os estudantes se reuniam para debate, Arkádi entra numa discussão acaba revelando o seu ideal. A respeito da sua própria postura ele afirma:  

 

Quando rompi o meu silêncio vi que não tinha mais volta. Receava que aquela turma de filósofos de plantão ficasse sabendo da minha idéia e fizesse picadinho dela. A bem verdade, àquela época eu nem lia mais, para não encontrar em algum livro uma frase qualquer que rebatesse a minha idéia. ( DOSTOIÉVSKI, 2010, p.46)

 

 

Neste trecho é possível observar como o simples ato de expressar um pouco do mundo interior para o exterior pode ameaçar esta mesma interioridade, e ate mesmo o contato com exterior, ‘ a leitura de algum livro’, pode dissolver estes mesmos objetivos íntimos. Cabe agora examinar a descrição que Arkádi efetua desta “idéia” e como ela se relaciona com o mundo exterior do adolescente.

Segundo sua descrição a “idéia” adveio da percepção de que a solidão lhe satisfazia, e lhe proporcionava uma sensação de poder.

 

Como se vê tenho como meta o poder. Podem rir; não sinto vergonha em falar assim. Desde criança, me senti isolado, solitário e, principalmente, sem amigos com quem pudesse conversar de igual para a igual (...) Nada de mágoas com o meu nascimento bastardo, com minha infância triste; é apenas meu caráter solitário mesmo.

(...)

O que me interessava, em suma, era o poder único e exclusivo, e isso exige isolamento. Sempre me dediquei a sonhar, por isso nunca encontrava tempo para conversas, o que causava nos outros uma impressão de antissociabilidade. Meu prazer era me esconder debaixo do cobertor e descobrir um mundo só meu. Quando finalmente cheguei a elaborar a minha idéia, essa alucinação toda encontrou um refúgio, um escoadouro e grande unificador. (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 64-65)

 

Para que esta sensação de poder fosse mais perfeita e completa, o personagem necessitava de dinheiro. Ele afirma: “Sei que sou um zé-ninguém fora de meus sonhos. Justamente por isso a ‘idéia’ veio a calhar: só o dinheiro pode trazer poder a um zé-ninguém” (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 65).  

Contudo, esta busca do indivíduo com o poder devia envolver uma  certa independência do dinheiro, já que uma dependência, de certa forma, constitui um esvaziamento da noção de poder:

 

... Mas a última coisa que faria seria viver luxuosamente: a simples consciência da fortuna é o que me traria a grande satisfação que almejo. (...)

O importante é apenas ser. O dinheiro e o poder não passam de meios para que eu atinja o objetivo final, que é esta consciência plena, tranqüila e solitária que afinal me conduziria a liberdade. O verdadeiro poderoso é calmo, já que não precisa mostrar a ninguém a sua força.  (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 65-66)

 

Para que a fortuna não levasse a dependência, o adolescente agrega ao seu ideal um ato filantrópico que pode parecer contraditório:

 

Eu não estaria preso de forma alguma ao dinheiro e ao poder; eles é que estariam subordinados a mim. De modo que eu poderia me desfazer deles quando quisesse! (...) No auge da fortuna, eu doaria todos os meus milhões. Com isso, atenderia a interesses sociais, faria algo pela ‘humanidade’. (DOSTOIÉVSKI, 2010, p. 66)

 

Este ato de humanidade, não parece ser motivado por um desejo de demonstrar seu próprio caráter filantrópico. Pelo contrário, o que o indivíduo visa é uma ‘consciência plena’ de sua própria grandeza, que não depende do reconhecimento imediato desta por outros, pois ‘o verdadeiro poderoso não precisa demonstrar a ninguém a sua força’. Ele ainda afirma: “Quanto mais incapaz eu parecesse de atingir o cume a que chegaria, quanto mais fabulosa parecesse a história, maior a minha satisfação”.

 Desta forma a “idéia” de Arkádi tem como alvo principal uma consciência de poder que lhe traria plenitude interior, e não um reconhecimento externo e imediato deste poder.

Observar estas características do ideal de vida de Arkádi nos leva a questionar se este personagem não constitui uma exemplificação do indivíduo problemático de George Lukacs. Conforme observamos, Arkádi encontrava satisfação ao esconder debaixo do cobertor e descobrir um mundo apenas seu, o que por si só já sugere uma dissociação do sujeito do seu mundo externo.  E, quando Arkádi elaborou um plano para que a satisfação que experimentada no seu mundo interno se concretizasse numa esfera mais ampla, este plano envolvia idéias que, embora coerentes no seu mundo interior, envolviam uma oposição ao seu mundo exterior.

 Encontramos ainda mais dois aspectos que aponta para uma dissociação entre o mundo exterior e das idéias. Primeiramente, entendemos que adquirir uma fortuna de milhões, o que seria necessário para a concretização de seu ideal, não é um acontecimento tão simples de ser alcançados na realidade exterior. Por fim, ainda que seus objetivos fossem alcançados, a ‘idéia’ envolve em si mesma uma dissociação da realidade social, pois Arkádi desejava o isolamento que o permitisse desenvolve uma consciência interior.

Características como estas possuem ressonância com as considerações de George Lukács :

Quando o indivíduo não é problemático, seus objetivos lhe são dados com evidência imediata e o mundo, cuja construção os mesmo objetivos realizados levaram a cabo, pode lhe reservar somente obstáculos e dificuldades para a realização deles, mas nunca um perigo intrinsecamente sério. O perigo só surge quando o mundo exterior não se liga mais ao mundo das idéias [grifo nosso] , quando estas se transformam em fatos psicológicos subjetivos, em ideais, no homem. (LUKÁCS , 2000,p. 79).

 

Considerações Finais

 

 

O conceito de adolescência que se desprende da obra de Dostoiévski nos permite observar um indivíduo que é pintado em duas perspectivas, por um lado é um jovem que se envolve numa trama de acontecimentos relacionados à sua família, por outro lado é um indivíduo que procura afirmar a sua personalidade e construir um ideal de vida que lhe é peculiar. Esta análise do O Adolescente , que é pequena perto da extensão de temas presentes na obra, se evidencia rica pelo modo como o texto de Dostoiévski é capaz de demonstrar várias características do romance apresentadas por George Lukacs e Ferenc Feher . Algumas destas características são próximas entre si, como por exemplo, o “pluralismo de valores” de Feher que pode ser relacionado com o que Lukacs denomina por “multiplicidades de essências caóticas”. Por outro lado as considerações dos diferentes teóricos, quando vistas em seu próprio conjunto, nos proporcionam leituras diferentes sobre a obra.

Na visão de Ferenc Feher o herói do romance não está mais preso a uma sorte previamente estabelecida pelos deuses[29], de modo que cabe a Arkádi Dolgorúki traçar o seu próprio destino. Nesta trajetória elaborada pelo próprio sujeito Arkádi demonstra uma emancipação sobre seu próprio mundo, que é percebida na ruptura dos laços familiares, e em particular dos laços paternos, do qual ele rejeita os privilégios sociais, e modelo de vida. Arkádi ainda demonstra sua emancipação ao construir um ideal de vida que lhe é peculiar e não depende da aprovação externa.   A perspectiva de Feher, que envolve uma valorização do romance, ainda abre espaço para utilizarmos seus conceitos em futuras análises da obra, onde seria possível analisar, por exemplo, o cotidiano[30] e os fatos fortuitos[31].  

Sob a perspectiva de George Lukács observamos as conseqüências que um mundo hostil exerce sobre o indivíduo. O mundo do adolescente não é um conjunto orgânico, onde o interior do adolescente está ligado ao exterior, e no qual ele pode se agarrar a estruturas maiores do que ele mesmo, a estruturas que possuem substância. Sofia Andréievna, a mãe do personagem, por mais que seja uma personagem que possua uma substância, como um amor incondicional, não é um elemento capaz de configurar o mundo do adolescente de uma forma harmônica. E o adolescente, mesmo sem desprezar a mãe, acaba por desenvolver um ideal de vida no qual solidão é exaltada. Este ideal de vida ainda demonstra, como diria Lukács, a presença um ‘abismo’[32] entre seu mundo interior e seu o mundo exterior.

Independente da leitura que escolhermos para O Adolescente é possível concluir que a relação entre indivíduo e o mundo exterior é complexo. E, esta complexidade envolve até mesmo a formação histórica do conceito que o autor utilizado como título da obra: O Adolescente.

 

 

 

 

Notas e referências  bibliográficas 

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[1] HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Editora Schuwarxz LTDA. São Paulo, 2000, p.317, 320, 321.

 

[2] FISHER, Rosa Maria Bueno. Adolescência em discurso: mídia e produção de subjetividade. UFRGS/ FACED,1996.Disponível em:  <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10281/000188015.pdf?sequence=1> Acesso em: 18 fev. 2011.

 

[3] CANDIDO, A. A Educação pela Noite. São Paulo: Ática, 2003, p. 85.

 

[4] DOSTOIÉVSKI,  Fiodor . O Adolescente. Companhia das Letras. São Paulo, 2010, p. 192.

 

[5] GELIS J. A Individualização da criança In: ______, História da Vida Privada Vol.3 Da Renascença a Revolução Francesa. Editora Shwarxz LTDA São Paulo, 2001, p.311-328;

 

[6]  ARIES P. DUBY G. ( org) História da Vida Privada Vol. 3 Da Revolução Francesa a Primeira . Guerra.Editora Shwarxz LTDA São Paulo, 2001, p. 148.

 

[7] LUKÁCS, G. As formas da grande épica em sua relação com o caráter fechado ou problemático da cultura como um todo. In : A Teoria do Romance. SP: Duas Cidades, 2000, p.67.

 

[8] FEHER, Ferenc. O Romance está morrendo? Contribuição à Teoria do Romance. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. RJ, 1972, p. 12, p.8.

 

[9] FEHER, Ferenc. O Romance está morrendo? Contribuição à Teoria do Romance. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. RJ, 1972, p. 29.

 

[10] IDEM, p. 33-35.

 

[11] Na Rússia a instauração do capitalismo é mais tardia do que nos países da Europa Ocidental. De modo que sua sociedade não é completamente burguesa, mas se encontra na transição de uma sociedade aristocrática para uma burguesa. Esta transição pode ser é vista no livro, que apresenta uma nobreza decaída convivendo lado a lado com capitalista enriquecidos. A família do personagem do Adolescente não é burguesa, mas está sendo retratada numa literatura de origem burguesa; por isso, como veremos, e possui os elementos que Feher enuncia para esta literatura.

 

[12] ERICKSON,Sandra. Resenha George Luckács . A teoria do romance: uma ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. Princípios, Natal, v.8, n.9, p.118, jan/jun. 2008. 

 

[13] A adolescência é um conceito que guarda especificidades da cultura onde está inserida, o que inclui a definição da faixa etária. A faixa etária do adolescente de Dostoiévski aproxima-se da definição da Organização Mundial da Saúde, que envolve o período dos dez aos vinte anos de idade. Mas, difere da brasileira, posto que o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece como adolescente o indivíduo que se encontra dos doze aos dezoito anos.

 

[14] Sobre este trecho ver também a consideração de Ferenc Feher sobre o tempo, opus cit. p. 77.

 

[15] Um aspecto da importância de Sofia para o filho pode ser vista na narrativa que sua visita ao colégio de interno de Touchard (p.195-198).

 

[16] FEHER , Ferenc. O Romance está morrendo? Contribuição à teoria do Romance. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. RJ, 1972, p.66.

 

[17] IDEM, p.66.

 

[18] DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O Adolescente. Companhia das Letras. São Paulo, 2010, p. 79.

 

[19] IDEM, p. 49.

 

[20] IBIDEM, p. 105.

 

[21] Na segunda parte do livro Arkádi desenvolve um relacionamento mais próximo e carinhoso (DOSTOIEVSKI, 2010, p. 121) com pai, ao ponto de ele afirmar que foi capaz de ‘conversar e se entender  om o pai sem falar’ (DOSTOIEVSKI, 2010,p. 206) . Porem mesmo assim Versilóv , ( principalmente no que se refere a as paixão ilícita por Katherina), continua apresentando atitudes surpreendentes que não se encaixavam nos conhecimento prévio que o filho tinha da figura paterna e que exigem uma constante reformulação de seus conceitos[21].

 

 

 

[23] ERICKSON,Sandra. Resenha George Luckács . A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. Princípios, Natal, v.8, n.9, p.118, jan/jun. 2008. 

 

22. DOSTOIÉVSKI, Fiódor. O adolescente. Companhia das Letras. São Paulo, 2010,p.121.

 

 

[25] FEHER , Ferenc. O Romance está morrendo? Contribuição à teoria do Romance. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. RJ, 1972, p.43.

 

[26]  DOSTOIÉVSKI,  Fiódor . O Adolescente. Companhia das Letras. São Paulo, 2010, p.39.

 

[27] IDEM p. 49

 

[28] IBIDEM p.26

 

[29] FEHER , Ferenc. O Romance está morrendo? Contribuição à teoria do Romance. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. RJ, 1972, p.17.

 

[30] IDEM, p. 37.

 

[31] IBIDEM, p.69.

 

[32] LUKÁCS, G. A Teoria do Romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. SP: Duas Cidades, 2000, p. 30.

 

 

 

 

 

Bibliografia

 

 

 

DOSTOIÉVSKI, Fiódor . O Adolescente. Companhia das Letras. São Paulo, 2010.

 

ARIES, Philippe. História social da criança e da família. Rio de Janeiro : Guanabara, 1981.

 

ARIES Philippe. DUBY, Geoge (org) História da Vida Privada Vol. 3 Da Revolução Francesa a Primeira Guerra .Editora Shwarxz LTDA São Paulo, 2001.

 

ARIES, Philippe. DUBY George. (org) História da Vida Privada. Vol.4 Da Renascença a Revolução Francesa. Editora Shwarxz LTDA São Paulo, 2001, p.311-328;

 

ERICKSON,Sandra. Resenha: George Luckács. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. Princípios, Natal, v.8, n.9, p.118, jan/jun. 2008. 

 

FEHER , Ferenc. O Romance está morrendo? Contribuição à teoria do Romance. Editora Paz e Terra. Rio de Janeiro. RJ, 1972, p.43.

 

FISHER, Rosa Maria Bueno. Adolescência em discurso: mídia e produção de subjetividade.UFRGS/FACED,1996.Disponível em:  <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/10281/000188015.pdf?sequence=1> Acesso em: 18 fev. 2011.

 

HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Editora Schuwarxz LTDA. São Paulo, 2000, p.317, 320, 321.

 

LUKÁCS, George. A Teoria do Romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. SP: Duas Cidades, 2000

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